Inédito: Candidatas incluíram pauta feminina no 1º debate presidencial destas eleições

por Adriana Vasconcelos

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Muitos, especialmente homens, dirão que as 2 mulheres que participaram do 1º debate presidencial do ano_ promovido pelo consórcio de veículos Band, Cultura, Uol e Folha de São Paulo _ pouco influirão no resultado das eleições deste ano.

Puro engano!

Ainda mais se o desempenho das senadoras do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), for analisado pela ótica feminina.

O fato é que, mesmo em número minoritário e com desempenho modestíssimo nas pesquisas, essas candidatas conseguiram incluir a pauta feminina no 1º debate presidencial do ano.

Estamos falando de brasileiras que só conquistaram o direito ao voto há apenas 90 anos e que, da redemocratização do país até 2018, só haviam conseguido lançar 8 representantes para a principal disputa eleitoral de um país.

Nestas eleições, são 4 mulheres, de uma só vez, que conquistaram dentro de ambientes ainda dominados por homens, como são os partidos políticos brasileiros, o direito de disputar a cadeira de presidente da República.

É fato que a melhor colocada entre 4, a senadora Simone Tebet não passou de um dígito nas pesquisas eleitorais e Soraya Thronicke sequer conseguiu pontuar até agora.

Eles foram engolidos

Elas simplesmente engoliram os candidatos homens, assim como já haviam feito na CPI da Covid no ano passado, e mostraram a importância da participação feminina nos debates nacionais.

Simone e Soraya foram as únicas que abordaram 2 dos temas mais afligem o eleitorado: saúde e educação.

Com a ajuda involuntária da competente jornalista Vera Magalhães, as 2 senadoras acusaram de imediato a ação machista e misógina do presidente Jair Bolsonaro (PL), que incomodado com a pergunta sobre a queda na taxa de vacinação do país, preferiu atacar a entrevistadora, em vez de apresentar dados que pudessem contestar os dados apresentados.

Passado que condena

O curioso é que os candidatos homens, com exceção de Ciro Gomes (PDT) ainda que tardiamente, se calaram diante do ataque, talvez envergonhados pelas próprias escorregadas cometidas no passado recente ou remoto.

Semana passada, o ex-presidente Lula (PT) escorregou que cogitar que homens que desejassem bater em mulher, que o fizessem fora de casa e Ciro, como lembrou Bolsonaro, chegou a declarar que o papel de sua mulher na campanha presidencial de 2002, a então atriz Patrícia Pilar, era dormir com ele.

Por mais difícil e longo que o caminho das mulheres possa ser neste país, ninguém pode mais duvidar que elas estão ocupando seu espaço na cena política brasileira.