Para quem ainda não entendeu: 'Cala boca já morreu!'

por Adriana Vasconcelos

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Como já disse a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, em mais de uma ocasião: “Cala boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu”. Primeiro para justificar seu voto a favor da publicação de biografias não autorizadas, depois para defender a liberdade de imprensa.

Podemos, agora, recorrer mais uma vez à mesma frase para responder ao vereador Netinho (DC), da Câmara Municipal de Cariacica (ES), que mandou a vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes (PSB), ficar calada, simplesmente por considerar que a mesma fez pouco pelo município onde ela foi vereadora também.

Talvez o fato de não haver nenhuma mulher atualmente entre os integrantes da Câmara Municipal de Cariacica, o vereador tenha esquecido que as mulheres têm os mesmos direitos que ele. E podem ir muito além do que muitos homens, como Jacqueline Moraes. Ainda que ela tenha sido a 1ª mulher negra da periferia a assumir o cargo de vice-governadora do estado.

Sim, as mulheres ainda são minoria na política. O que justifica as cotas de gênero que ainda prevalecem no país, até que cheguemos à paridade nos espaços de Poder. Algo natural, se levado em consideração o tamanho da população feminina no Brasil.

Jacqueline Moraes paga um preço alto por ser mulher na política. Assim como outras lideranças femininas que despontam no horizonte.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) expôs recentemente, em artigo publicado na Folha de S.Paulo, parte das ameaças e ataques que recebe nas redes sociais, não só por ser mulher, mas também por expor o que pensa e defender o que acredita, ainda que muitos homens discordem.

As senadoras Leila Barros (Cidadania-DF) e Simone Tebet (MDB-MS) também foram vítimas desse tipo de violência política por parte de colegas na CPI da Covid, ainda tenham sido defendidas por parte do plenário.

As circunstâncias podem mudar, assim como os personagens, mas o fato é que não nos calarão facilmente, como faziam até bem pouco tempo. Por isso, faço coro à vice-governadora Jacqueline Moraes: “Mulheres, ocupem seu lugar de fala!”