As linhas tortas das cotas femininas começam dar frutos
por Adriana Vasconcelos
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Os efeitos práticos da obrigatoriedade da destinação de 30% dos recursos do fundo eleitoral para candidaturas femininas, se traduzir em números como no Senado, onde 11 senadoras eleitas se juntaram a mais 4 suplentes, formando assim a maior bancada feminina da história da Casa: com 15 mulheres ocupando 18,5% das 81 vagas da Casa.
Pelo menos 5 dessas 15 senadoras, que exercem o mandato neste momento, chegaram ao posto como suplentes de candidatos homens, 4 deles nomeados ministros do governo Lula e outro eleito governador de Santa Catarina.
Muitos poderão argumentar, então, que isso confirma que elas só chegaram ao posto a reboque de homens.
Acontece que antes da cota estabelecida pela Justiça Eleitoral, a maior parte dos suplentes ao Senado eram homens, assim como eles também eram maioria na composição de chapas aos governos estaduais e municipais.
Os caminhos tortuosos da política
O fato é que a maior parte dos partidos vislumbrou, na indicação de mulheres para compor chapas majoritárias encabeçadas por homens, uma forma de cumprir a legislação, sem deixar de priorizar a campanha de suas principais apostas eleitorais, majoritariamente homens.
Talvez poucos lembrem, mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, iniciou sua carreira política em 1983 como suplente de Franco Montoro, que acabou renunciando ao mandato de senador após ser eleito governador de São Paulo.
Essa musculatura adquirida pela bancada feminina, ainda que não definitiva, foi o que levou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), em nome do grupo, a solicitar o desarquivamento da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que torna obrigatória a eleição de ao menos uma mulher para as mesas do Senado e da Câmara.
Juntas, essas 15 senadoras empatam com a maior bancada partidária da Casa, a do PSD _ partido de Eliziane e Pacheco_ com 15 parlamentares.
O que efetivamente não é pouca coisa, ainda mais quando elas atuam como grupo e se unem em torno de bandeiras comuns.
É bom Pacheco e o deputado Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara, percebam que essas mulheres não estão para brincadeira e exigem, com razão, mais espaço nas mesas de decisão do Congresso Nacional.
Recentemente, a bancada feminina do Senado exibiu ao país inteiro sua capacidade ao garantirem destaque na CPI da Covid, mesmo sem ocupar cargos de titular ou suplente na comissão.
A conferir os próximos passos!!!