Como as pesquisas ajudam a estruturar a comunicação política?

por Adriana Vasconcelos

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As pesquisas de opinião costumam ser acompanhadas com atenção pelos políticos e seus estrategistas para balizar todo e qualquer planejamento de comunicação.

Quer um exemplo prático disso?

A pesquisa Febraban News-IPESPE divulgada nesta terça-feira (28fev23) indica que a inflação e o custo e vida é a principal preocupação de apenas 10% dos brasileiros.

Não que esse percentual seja insignificante, mas aparece atrás de outros itens considerados mais importantes para os brasileiros como Saúde (23%), Emprego e Renda (20%), Educação (18%) e Fome/Miséria (11%).

Tal dado pode ser usado para frear a gana com que parte da militância petista tem se voltado contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por conta do fim da desoneração dos tributos federais sobre os combustíveis.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, uma das insatisfeitas com a atuação de Haddad, argumenta que a medida defendida pela Fazenda penaliza ainda mais o consumidor e deverá alimentar novas altas da inflação.

Mas os números da pesquisa Febraban News-IPESPE indicam, no entanto, que a maior parte dos brasileiros (76%) considera os alimentos e outros produtos do abastecimento doméstico como os principais vilões da inflação e não os combustíveis (30%), reforçando a tese de que o tema interessa mais à classe média do que a base da pirâmide econômica, de onde vem o maior apoio de Lula.

Essas percepções colhidas pela pesquisa reforçam o discurso da Fazenda de que, neste momento, o impacto negativo da alta dos combustíveis não será tão grande quanto teme a ala política petista e de que a hora é de tentar garantir novamente o controle das contas públicas.

Embora isso não seja garantia eterna de nada, Lula certamente pode respirar aliviado ter arbitrado o conflito interno do governo a favor de Haddad, que assim se livrou da segunda derrota política na Fazenda.

O presidente, aliás, deve aproveitar o otimismo que tomou conta da grande maioria da população (70%) que, ainda segundo a pesquisa, acredita que sua vida irá melhorar em 2023.