Eleições de 2022 garantem novo patamar às mulheres

por Adriana Vasconcelos

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Apurados todos os votos e os vitoriosos declarados nas eleições de 2022, ficou claro que as mulheres garantiram um novo patamar na cena política brasileira. Haja visto o papel cumprido por várias delas no segundo turno da disputa presidencial.

Podemos começar pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), que apesar da campanha pouco estruturada, soube tirar proveito do próprio brilho e liderar a maior parte do eleitorado que não se deixou sucumbir pela polarização mantida até o final da eleição.

Sua modesta votação _ a despeito da terceira colocação no primeiro turno, ultrapassando o veterano Ciro Gomes _ não faz jus ao papel que desempenhou quando anunciou seu apoio ao agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Nas suas andanças pelo país no segundo turno, ao lado da também senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e da recém-eleita deputada federal Marina Silva (Rede-SP), Tebet certamente provocou a reflexão de muitos eleitores que não perceberam antes o potencial da candidata do MDB.

Não foi à toa que Lula, em seu discurso da vitória na Avenida Paulista, tenha dito que sua vitória ia além do PT e começou seus agradecimentos mencionando Tebet.

A futura primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, foi outra figura presente ao lado de Lula ao longo de toda a campanha. Mostrou iniciativa e grande influência sobre as ações de campanha, como quando reeditou com ajuda do fotógrafo Ricardo Stuckert o antigo jingle da primeira campanha de Lula à Presidência, deflagrando uma grande mobilização da classe artística brasileira a favor da campanha do presidente eleito.

Hegemonia em Pernambuco

No cenário estadual, pode-se dizer que Pernambuco deu às mulheres hegemonia entre as eleitas na disputa majoritária. O estado terá a partir de 1º de janeiro de 2023 a primeira mulher governadora: a tucana Raquel Lyra.

Ela sagrou-se governadora em uma disputada queda de braço com outra mulher, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) , neta do ex-governador Miguel Arraes. E ainda levou como vice Priscila Krause (Cidadania), filha do ex-prefeito e ex-governador do estado Gustavo Krause.

Numa campanha acirrada, em que Marília Arraes liderou a corrida eleitoral por quase todo o tempo, a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra saiu do primeiro turno já na frente da adversária.

Antes de Raquel Lyra garantir seu nome na história pernambucana, a petista Teresa Leitão já havia garantido a inclusão de seu nome, como a primeira mulher eleita para o Senado pelo estado, no dia 2 de outubro passado.

Protagonismo com ou sem cargo

Alguns poderão questionar a conquista do “novo patamar” feminino na política brasileira, lembrando que as mulheres seguem sendo a minoria entre os eleitos. Sim, esse é um fato.

A questão é que já não é possível deixá-las de fora do debate nacional, mesmo que muitas vezes sequer tenham cargos oficiais. Foi o que assistimos nestas eleições, em especial na corrida presidencial.

A participação recorde de mulheres entre as postulantes à Presidência deste ano, com 4 candidatas, em nenhum momento chegou a ameaçar os líderes que chegaram ao segundo turno.

Mesmo assim elas tiveram protagonismo nos debates e sabatinas da imprensa com os presidenciáveis, fazendo os adversários e o eleitorado refletirem sobre condutas machistas que as mulheres são diariamente vítimas.

Repetiram o que a bancada feminina do Senado já havia feito durante a CPI da Covid, mesmo sem nenhum vaga de titular ou suplente.

A expectativa é que essa influência seguirá na cena política nacional daqui para frente de forma cada vez mais natural.