Em meio a Guerra, elas se destacam na atuação pela paz

por Adriana Vasconcelos

em

Compartilhe:

Assim como durante a pandemia, quando as mulheres assumiram a dianteira na luta da humanidade para sobreviver ao desconhecido Coronavírus, dentro e fora dos hospitais, a injustificável Guerra na Ucrânia volta a colocar luz sobre a estratégica atuação feminina diante de novas ameaças ao planeta. Agora, elas se destacam por sua atuação em favor da paz.

Esta semana, enquanto um grupo de composição 100% masculina fracassava nas primeiras negociações entre Rússia e Ucrânia em Belarus, a coragem de bravas mulheres comovia o planeta, perante a irracionalidade dos senhores da Guerra.

Anônimas ou não

Coragem, essa, exibida pelas imagens da dolorosa fuga de milhares de ucranianas anônimas, de diferentes idades, obrigadas a abandonar suas casas para salvar a própria vida ou a de seus filhos pequenos. Muitas delas deixando para trás seus maridos, pais, amigos e toda uma história construída por seus ancestrais.

Coragem também identificada em lideranças femininas, como a mostrada por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que acabou aplaudida de pé pelo Parlamento Europeu na última terça-feira (01/03) ao anunciar ao mundo a disposição da União Europeia em destinar 1 bilhão de euros para ajudar refugiados ucranianos e reforçar a defesa “de um país sob ataque”.

Antes de Ursula von der Leyen, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, já havia sido calorosamente aplaudida pelos colegas, ao pregar a diversificação dos sistemas de energia da Europa, como forma de reduzir a dependência do continente do gás da Rússia e, assim, abrir uma nova frente de resistência aos planos megalomaníacos de Putin, de ampliar as fronteiras russas.

No mesmo dia (01/03), só que em reunião emergencial da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Annalena Baerbock, ministra de Relações Exteriores da Alemanha, dava início à uma “nova era” nas políticas externa e de defesa alemãs, anunciada há uma semana pelo chanceler Olaf Scholz, 4 dias após o início da invasão russa sobre o território ucraniano.

“Devemos ajudar a Ucrânia a se defender de seu agressor”, pregou Baerbock na reunião emergencial da ONU, justificando que o que está em jogo não é só vida ou morte dos ucranianos, mas também a segurança da Europa e a carta da ONU.

A ministra, porém, fez questão de deixar claro que, mesmo diante da decisão história da Alemanha de reforçar seu perfil militar, algo ao qual os alemães resistiam desde o fim da 2ª Guerra Mundial, as portas seguirão abertas para o diálogo e para a paz. “A Alemanha está ciente da sua responsabilidade histórica, e é por isso que buscaremos sempre soluções pacíficas”, salientou Baerbock.

Sem perder a esperança

No dia seguinte (02/03), foi a vez da representante da Ucrânia nas Nações Unidas, Emine Dzhaparova, colocar representantes do Conselho de Direitos Humanos da ONU de pé, em solidariedade à sua dor e a de seus compatriotas diante do rastro de destruição promovido pelo exército russo, em apenas alguns dias de Guerra.

Os aplausos vieram em seguida, quando Dzhaparova exibiu a força e resiliência feminina para enfrentar as adversidades, expondo desde já planos para a reconstrução de seu país.

“Muitas pessoas me perguntam o que está acontecendo na Ucrânia. Nós estamos sob um ataque desumano e cínico de um país vizinho, mas não é hora, agora, de chorar, nós precisamos pensar em quando teremos nossas lágrimas de alegria, quando começaremos a reconstruir nossas cidades”, disparou Dzhaparova, emocionando todos os presentes na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Dando exemplo aos valentões

Sem se intimidar com as ameaças de Putin, capazes de persuadir valentões como o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que têm evitado condenar a invasão russa ao território ucraniano, mulheres como Ursula von der Leyen, Roberta Metsola, Annalena Baerbock e Emine Dzhaparova têm se revezado em fóruns mundiais, fazendo oposição aberta aos ímpetos beligerantes do presidente russo Wladimir Putin.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, foi outra que teve um papel preponderante ao antecipar para o mundo a iminência da invasão russa ao território ucraniano, enquanto Putin tentava desacreditá-la.

Mas poucos acreditaram no presidente russo. Entre eles, Bolsonaro, que ainda tentou tirar uma casquinha política logo após sua visita oficial à Russia, quando Putin mentiu anunciando que ordenara a saída das tropas russas da fronteira com a Ucrânia.

Embrulho no estômago

Não poderia encerrar esse meu artigo sem mencionar a vergonha e embrulho no estômago que senti ao ouvir o áudio vazado de deputado estadual Arthur do Val (SP), que expõe em poucos minutos todo o machismo que ainda prevalece, lamentavelmente, não só na política, como também em parte da sociedade brasileira.

Após se propor a ajudar as tropas ucranianas na confecção de coquetéis molotov, Val decidiu compartilhar com amigos sua “descoberta” em meio a Guerra: a de que as lindas refugiadas ucranianas “são fáceis porque são pobres”.

Como bem identificou a jornalista Andreza Mataiz, em seu seu perfil do Twitter, Arthur do Val entra para uma vasta galeria de comentários machistas de políticos brasileiros. Na qual já teve quem disse que não estupraria uma mulher por ela ser feia. Outro que atribuiu à sua mulher, na campanha, a função de dormir com ele. E mesmo um terceiro que pensou estar fazendo um elogio declarar que as feministas de seu partido tinham o “grelo duro”.

Se esses homens estivessem fossem mais inteligentes e espertos, falariam menos bobagem e ficariam atentos aos exemplos e lições oferecidas, só nesta última semana, por influentes e capacitadas lideranças femininas.

Essas mulheres me representam, eles não!!!!!!