O que Simone Tebet traz de novo para a sucessão presidencial?
por Adriana Vasconcelos
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A entrada da senadora Simone Tebet (MDB-MS) na corrida presidencial traz o olhar feminino sobre a realidade brasileira. E vamos combinar que ele é bem diferente do olhar de lideranças masculinas.
Antes mesmo de Tebet confirmar sua candidatura, muitas dessas lideranças masculinas tentaram minimizar o impacto da chegada de uma mulher à disputa presidencial.
Alguns anteciparam, via imprensa, que Tebet seria uma ‘vice ideal’. Outros atribuíram a decisão do MDB à uma estratégia para cacifar o partido na mesa de discussões da 3ª via.
O curioso é que nenhum deles se dispôs a debater com a sociedade a mais perversa consequência da pandemia: o aumento da fome. Depois, claro, do luto provocado por mais de 600 mil mortos.
“Essa missão tem um clamor da urgência, porque o Brasil está morrendo de fome!”, pontuou a senadora durante a reunião da Executiva Nacional do MDB, que oficializou sua pré-candidatura à Presidência da República.
Com os olhos marejados e a voz embargada, Tebet confessou que o motivo principal que a levou aceitar a missão de representar o MDB na eleição de 2022, foi a urgência que o Brasil tem para mudar a realidade de 5 milhões de crianças que vão dormir atualmente com fome no país e de 20 milhões de brasileiros que comem dia sim, dia não.
Tebet anunciou que o combate à fome será sua prioridade número um. E não da boca para fora como muitos gostam de prometer em campanhas, mas com a empatia de quem sabe o que é ser mãe e se coloca no lugar de outras mulheres que, depois de enfrentarem a pandemia, agora se viram para seus filhos e elas próprias não morram de fome.
A ausência do colega Renan Calheiros e de seu filho, o governador de Alagoas, Renan Filho, que preferem reeditar a aliança do MDB com o PT do ex-presidente Lula, foi registrada.
Assim como o vídeo do ex-presidente Michel Temer, responsável pelo recuo do presidente Jair Bolsonaro após seus rompantes antidemocráticos de 7 setembro passado.
Na gravação, Temer sugeriu que a campanha que se inicia agora deve ser feita em cima de um programa e não de um nome, que seja capaz de pacificar o Brasil.
A verdade é que Simone Tebet está acostumada a quebrar paradigmas na política. Foi a primeira mulher em quase todos os cargos que conquistou pelo voto. Na CPI da Covid, nem precisou de uma vaga oficial para ocupar seu espaço e se destacar entre os titulares e suplentes masculinos.
O curioso é que o motorista de Uber que me levou até o Hotel San Marco, onde aconteceu o lançamento da candidatura de Temer, vinha conversando comigo sobre o ambiente de polarização no país, enquanto o rádio transmitia um acalorado debate sobre o direito ou não de se vacinar contra a Covid.
Ao perceber a movimentação no local, o motorista do Uber me perguntou o que estava acontecendo, eu expliquei que se tratava do lançamento da candidatura de Simone Tebet. E imediatamente, ele respondeu: “Tá aí, ela é alguém em que eu posso votar”.