Uma mulher no “Clube do Bolinha” da sucessão presidencial
por Adriana Vasconcelos
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Finalmente agora as mulheres terão uma representante legítima no ‘Clube do Bolinha’ da sucessão presidencial. Aquele mesmo que se dispôs a encontrar uma alternativa viável eleitoralmente, para se contrapor aos extremos representados hoje pelas candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) anunciou essa semana, durante uma entrevista ao jornalista José Luiz Datena, que aceitou o convite para se sentar à mesa com lideranças de centro, centro-direita, centro-esquerda e trabalhar na articulação política de um “Pacto a favor do Brasil”.
Cuidadosa com as palavras, a senadora não revelou ainda se aceitará participar dessa articulação política como pré-candidata do MDB à Presidência da República ou na condição de candidata à reeleição ao Senado.
Nós somos o Brasil
“O Brasil precisa salvar os brasileiros. E o Brasil somos nós”, pontuou a senadora, assumindo para si a responsabilidade de ajudar a encontrar uma saída para o país. Aliás, é o que se espera de verdadeiros líderes nacionais. Eles não viram as costas ou lavam as mãos em momentos de graves crises, como a que enfrentamos no momento.
Sua disposição é trabalhar na construção de pontes que livrem uma parcela, ainda silenciosa, do eleitorado nacional de uma difícil escolha: anular o voto ou escolher a alternativa menos ruim para o país, no 2º turno da disputa presidencial de 2022.
Impossível imaginar que poderia se chegar a um consenso mínimo sem a participação de uma única mulher que seja. Reflexo de um velho hábito da política brasileira, que por anos a fio enxergou as mulheres como personagens coadjuvantes nos espaços de poder.
Para Datena, cujo o nome também figura na lista de opções para representar uma 3ª via nas eleições de 2022, “quem construiu o Brasil que está aí foi muito o Lula, que inventou a Dilma e o governo Dilma quebrou o país. E é muito o Bolsonaro, que até agora não governou”.
‘Nem, nem’
Para Simone Tebet, o Brasil passa pelo momento ‘nem, nem’: “As pessoas nem querem voltar ao passado, nem querem ficar neste presente. As pessoas querem olhar para o futuro”.
Simone adiantou que deverá definir dentro de 15 a 20 dias seu destino político. Antes de dar uma resposta ao presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e a movimentos de base do partido, que defendem uma candidatura própria, ela planeja concluir uma série de consultas e conversas que vem tendo individualmente com diversas lideranças políticas.
Ciente da urgência que a situação exige, Simone reconhece que a 1 ano das eleições presidenciais é preciso correr para se testar e tornar conhecidos os possíveis candidatos da 3ª via.
Também será necessário, segundo ela, ter altruísmo lá na frente, para que os nomes mais viáveis se afunilem a no máximo 2, para que essa chapa tenha chances de conquistar uma vaga no 2º turno. Quem não chegar ou se aproximar dos 2 dígitos nas pesquisas, terá de abrir mão, prevê a senadora.
Com base no resultado das pesquisas eleitorais divulgadas até agora, Simone acredita que 1ª missão da 3ª via seria tirar Bolsonaro do 2º turno, já que os números apurados indicam que a maioria da população brasileira não quer mais tê-lo como presidente.
Rejeição ao PT
“Se assim o fizermos, qualquer nome que tenha credibilidade, história, trabalho, terá condições de ganhar as eleições em 2022”, aposta a senadora, ainda que o ex-presidente Lula esteja liderando com folga a corrida presidencial.
A verdade é que a rejeição ao PT foi uma das grandes molas propulsoras da campanha de Bolsonaro em 2018, depois de ter sido favorecido pela projeção nacional conquistada após o atentado à faca sofrido em meio ao processo eleitoral.
Ainda que Lula tenha reconquistado seus direitos políticos, com a anulação de sentenças de condenação por corrupção, a partir do reconhecimento pela Suprema Corte da parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, Simone acredita que uma parcela significativa do eleitorado ainda guarde fresco na memória lembranças dos resultados da finada “Operação Lava Jato”.
Como esquecer a maior investigação de corrupção da história do Brasil? Uma operação de tamanha magnitude, que levou para a prisão políticos de diferentes partidos e os maiores empresários do país.
Só o esquema de corrupção montado pelo Grupo Odebrecht foi reconhecido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como o maior pagamento de propina já registrado no mundo. Comprovado por documentos, confissões e muito dinheiro devolvido aos cofres públicos, com e sem delação premiada.
Luz no fim do túnel
Minha torcida é para que a luz no fim do túnel apareça e logo, nos resgatando do atual pesadelo, permitindo que voltemos a ter esperança em dias melhores. Com menos ódio, mais equilíbrio e tolerância. Que o bom senso se sobreponha ao radicalismo vigente, que não aceita conviver com quem pensa diferente.
Certamente uma mulher terá muito a contribuir nessa busca por uma saída para o Brasil. Boa sorte senadora Simone Tebet na empreitada que terá pela frente!